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CHECAGEM: A notícia do site ‘GGN’ e republicada pelo ‘Brasil 247’, que conecta a delação de Ronnie Lessa à família Bolsonaro, é falsa
Em matéria publicada hoje (23) no site Brasil 247, com o titulo ‘Delação de Ronnie Lessa poderá envolver o clã Bolsonaro na morte de Marielle Franco’, a linha editorial do blog tenta ligar o assassinato da vereadora carioca e seu motorista Anderson Gomes, aos membros da família Bolsonaro.
A matéria veiculada cita reportagem de ontem (22), publicada pelo site GGN e escrita pela jornalista Patricia Faermann.
OS NOTICIANTES
A primeira fonte do assunto, o GGN, é um jornal online fundado em 2013 pelo jornalista Luís Nassif. Nassif foi ex-colunista de economia de jornais como Folha de São Paulo e revistas como Veja.
Segundo matéria do Jornal Opção, publicada pelo jornalista Euler de França Belém em 17 dezembro 2014, Luís Nassif recebeu R$ 5,7 milhões em publicidade estatal durante o governo Dilma.
Nassif estava na folha de pagamento estatal como defensor de Dilma no período anterior ao impeachment da ex-presidente, como apontou dados oficiais e disponíveis via Lei de Acesso à Informação, pelo jornalista Fernando Rodrigues.
No site do PT, também existe dezenas de matérias de Nassif publicadas em defesa do partido.
Noticias do site GGN e em ataques a Sérgio Moro e Jair Bolsonaro, também estão disponíveis no site do PT.
Ainda segundo o Observatório da Imprensa através de seu monitor de debate politico no meio digital, o GGN é uma fonte de noticias de ‘imprensa e comentário alternativo de esquerda’.
O site Brasil 247 é mais explicito e se coloca como site de noticias com linha editorial de esquerda, alinhado ao PT e com relações direta com o governo e dirigentes do Partido dos trabalhadores, como é o caso de Gleise Hoffmann.
O site também recebeu e recebe financiamento estatal.
Em delação premiada durante a operação Lava-Jato, Leonardo Attuch, fundador do Brasil 247 teve seu nome citado por Milton Pascovitch.
Pascovitch alegou que a Editora 247, representada por Attuch, recebeu R$ 120 mil do Partido dos Trabalhadores em quatro pagamentos como apoio financeiro ao portal. Essa contribuição foi solicitada por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido. De acordo com o delator, esses fundos, supostamente desviados da Petrobras e de outras empresas, foram transferidos pela Jamp Engenheiros, empresa de Pascovitch, para a Consist Software, no contexto de um contrato de prestação de serviços. Posteriormente, a Consist fazia os repasses para a Editora Brasil 247.
O CONTEÚDO
Em matéria, o GGN afirma que durante o governo Bolsonaro, houve pouco avanço nas investigações do caso Marielle. Mas, a natureza dos fatos apontam que os principais envolvidos no assassinato da vereadora não apenas foram presos, como as investigações aprofundadas durante o governo Bolsonaro, a exemplo de Ronnie Lessa, atirador que matou a vereadora.
O site tenta também imputar que existe profunda relação entre Lessa e Bolsonaro, conforme trecho da matéria em que diz:
”Os investigadores também apuram a relação de Ronnie Lessa com a família Bolsonaro e a possível participação do clã no crime.
Lessa era vizinho do então deputado federal Jair Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro. Os dois também eram conhecidos por frequentar os mesmos círculos sociais.”
Apesar disso, não apresenta nenhum aprova e a própria policia não relacionou Bolsonaro com a morte, ou mesmo relação de amizade com Lessa.
O GGN, após os resultados das delações de Lessa publicadas pelo site The Intercept, colocou nota de atenção onde afirma que não existe delação que ligue a morte de Marielle a Bolsonaro ou qualquer outro familiar:
Já o Brasil 247, diz em sua matéria que o mandante de matar Marielle era um empresário ligado a Bolsonaro, mas não apresenta provas e afirma de forma vaga a suposta informação.
No conteúdo de sua publicação, o Brasil 247 afirma que:
”A delação premiada do ex-policial Militar Ronnie Lessa no âmbito das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, deverá envolver o clã Bolsonaro, diz o Jornal GGN. O acordo revelado no domingo (21) ainda precisa ser homologado pela Justiça.”
Apesar disso, não existe até o momento nenhuma prova que prove relação de Bolsonaro com o crime e nem mesmo delação homologada ou em vias de homologação neste sentido.
AS INVESTIGAÇÕES
Na delação premiada realizada pelo PM reformado Ronnie Lessa, acusado de disparar contra Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, ele afirmou à Polícia Federal que o mandante foi Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ. É o que aponta matéria investigativa do The Intercept Brasil.
Ainda segundo o jornalista Guilherme Amado, para o site Metrópoles, em matéria de novembro do ano passado, Brazão tentava derrubar as provas contra si e que o ligavam ao caso Marielle em uma ação penal sobre associação criminosa com as milicias.
Ainda segundo Lessa, a motivação era uma vingança de Brazão contra Marcelo Freixo, que disputava politicamente contra Brazão e que o denuncio na CPI das Milicias em 2008.
Brazão era aliado do PT na Alerj, além de ter sido indicado ao TCE-RJ com apoio e votos do PT. O empresário e ex-político carioca, foi também um dos principias envolvidos na campanha de Dilma Rousseff no Rio de Janeiro.