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HISTERIA E CANCELAMENTO – SUA DISCORDÂNCIA FAZ DE ALGUÉM UM NAZISTA?

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O caso do Monark, não a bicicleta, o maconheiro, nos suscita uma das formas mais comuns de discussão na internet: acusar todos aqueles que pensam diferentes de nós de serem nazista. O que é no mínimo imbecil.

É uma falácia como se deve saber, pois nem todo mundo que não é igual a nós defende massacrar 6 milhões de judeus. É o Reductio Ad Hitlerum. É óbvio que esse tipo de discussão não apenas impede o debate como é perigosa, pois é usada como um forma de calar e em níveis extremos exterminar aquele que se acusa de ser nazista, mesmo que ele não seja nazista.

O termo Ad Hitlerum foi descrito pela primeira vez por Leo Strauss, cientista político alemão que fugiu os Estados Unidos por ter sido perseguido pelos nazista por ser ele judeu. Escreve Strauss em seu Direito Natural e História:

“Na sequência deste movimento em direção ao seu fim nós inevitavelmente deveremos alcançar um ponto além do qual a cena é obscurecida pela sombra de Hitler. Infelizmente, isso não será feito sem dizer que, na nossa análise, é preciso evitar a falácia que nas últimas décadas tem sido frequentemente utilizada em substituição ao reductio ad absurdum: o reductio ad Hitlerum. Uma opinião não é refutada pelo fato de ocorrer que ela tenha sido compartilhada por Hitler.”

O que Strauss está nos dizendo é que pelo simples fato de alguém ter uma ideia em comum com Hitler que o que ela diz é necessáriamente inválida. Mas vou desenhar para os desavisados entenderem.

  1. Segundo sabemos historicamente e análise de seus restos mortais, Hitler era vegetariano.

A) Todo vegetariano é nazista;
B) Não, uma pessoa que é vegetariana é nazista.

  1. Hitler apoiou fortemente o conceito de comunidade e a união ao entorno da cultura.

A) Defender o senso de comunidade e cultura é coisa de nazista;
B) Não é característica sine qua non, pois nem todo defensor da comunidade e cultura local é nazista.

Se você acha que A é a resposta certa, sinto dizer, mas você não saber viver em sociedade.

Um exemplo claro de como essa histeria chega a níveis absurdos é o do comentarista Adrilles Jorge, recentemente demitido da Jovem Pan por acusação de ter feito saudação nazista. Só que essa narrativa tem 2 problemas: 1°.: o ‘tchau’ de Adrilles não era uma saudação nazista já que ele comumente fazia o gesto sempre da mesma forma e; 2°.: Adrilles estava, antes de despedir-se com seu polêmico tchau, fazendo veementes críticas ao nazismo ou à criação de um partido nazista.

Em todo caso, a Internet levou ao extremo esse tipo de situação. É o problema de cair na Lei de Goldwin, termo cunhado por um jurista americano Mike Godwin, segundo o qual quanto mais longo for um debate e mais acalorado ele for, mais provável será a acusação de que alguém é nazista.

É óbvio que isso é ruim, pois quanto mais comum se tornar chamar alguém de nazista, mas vazio se tornará a acusação. Um exemplo é o termo fascista, que a esquerda usou tanto em 2018 que ninguém mais liga, nem mesmo a esquerda. O grande perigo dessas acusações está exatamente aí, deixar em segundo plano a totalidade das idéias totalitárias em prol de uma frivolidade do mal de quem acusa o outro e quando de fato idéias perigosas estiverem a espreita, ninguém saberá.

Não, nem todo mundo que pensa diferente é nazista ou neonazista. Talvez você que acusa alguém de tais ideias, tenha mais proximidade com um certo austríaco de bigodinho, pois sinalizar virtudes sobre a maldade sem pensar que é preciso saber o que de fato ela é, comumente é manifestação totalitária. Não há democracia em cancelar quem não se gosta baseada em uma mentira.

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