Brasil/Estados Unidos
Governo Lula rejeita proposta dos EUA para classificar PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas

Brasília, 7 de maio de 2025 — O governo brasileiro recusou uma proposta apresentada por representantes do governo dos Estados Unidos para que as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) fossem classificadas como organizações terroristas. O pedido foi feito durante uma reunião em Brasília com uma comitiva norte-americana liderada por David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA.
A proposta visava permitir que o governo americano aplicasse sanções mais duras contra membros dessas organizações, com base em legislações antiterrorismo. Autoridades dos EUA afirmaram que o FBI identificou atividades do PCC e do CV em ao menos 12 estados norte-americanos, como Nova York, Nova Jersey e Flórida, inclusive com indícios de uso do território americano para lavagem de dinheiro.
O governo brasileiro, no entanto, argumentou que a legislação nacional define terrorismo como atos motivados por razões ideológicas, políticas ou religiosas, o que não se aplicaria às facções, cujas ações estão ligadas a atividades criminosas com fins lucrativos, como o tráfico de drogas e de armas.
Em nota, integrantes do governo destacaram que o Brasil tem intensificado as ações de combate ao crime organizado, incluindo o isolamento de líderes em presídios federais e operações integradas entre forças policiais e o Ministério Público.
Durante a visita, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) entregou à delegação americana um dossiê elaborado pelas secretarias de segurança do Rio de Janeiro e de São Paulo. O documento relaciona as facções a atos típicos de terrorismo e aponta supostos vínculos com o grupo extremista Hezbollah.
A recusa brasileira gerou reações distintas. Enquanto integrantes do governo ressaltam a soberania nacional e os critérios legais para a tipificação de crimes, setores da oposição criticam o posicionamento e defendem o alinhamento com os EUA na classificação das facções como terroristas.
A visita da comitiva americana faz parte de um esforço mais amplo dos EUA para ampliar a cooperação internacional no combate ao crime transnacional.
