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Com uso do “voto impresso”, PT deve anunciar novo presidente nacional

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O Partido dos Trabalhadores realizou neste domingo, 6 de julho, seu Processo de Eleição Direta (PED) para a escolha dos novos dirigentes municipais, estaduais e do presidente nacional da legenda. Pela primeira vez em doze anos, a eleição interna foi feita exclusivamente com cédulas de papel, o chamado voto impresso.

A adoção do formato analógico não foi uma decisão voluntária. Em março, o PT solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral o empréstimo de urnas eletrônicas para realizar sua eleição interna. A ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, informou que a decisão caberia aos Tribunais Regionais Eleitorais. Pelo menos quatro estados (Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo e Pernambuco) recusaram o pedido, alegando dificuldades logísticas e preocupações com a segurança do processo.

Diante das negativas, o partido chegou a considerar um modelo híbrido. No fim, optou por unificar o procedimento em todo o país com o uso exclusivo do voto em papel.

A ironia é evidente. O mesmo partido que tratou como ataque à democracia qualquer questionamento ao sistema eletrônico agora recorre às urnas de lona, ao voto físico e à contagem manual. O mesmo PT que desdenhou dos defensores do voto auditável agora confia nas cédulas para decidir o futuro da sigla.

O PED marca o fim da gestão da deputada Gleisi Hoffmann, que deixou a presidência da legenda em março para assumir um cargo no governo Lula. Desde então, o senador Humberto Costa responde interinamente pela direção nacional.

O novo presidente do partido deve ser anunciado nesta segunda-feira, 7 de julho. A escolha definirá a linha estratégica do PT para as eleições de 2026, em um cenário de instabilidade política, queda de popularidade do governo e disputas internas na esquerda.

Enquanto isso, a base militante segue repetindo os mesmos discursos sobre a segurança absoluta das urnas eletrônicas. Mas na hora de organizar a própria casa, o partido confia no papel, na caneta e na apuração à moda antiga.

O que vale para o país parece não valer para o partido. E o que é chamado de golpe na boca dos adversários, vira democracia quando interessa ao PT.

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