Governo Lula conversa com EUA após ameaça de sanções contra Moraes

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou articulações diplomáticas com os Estados Unidos após o senador norte-americano Marco Rubio sugerir sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A movimentação acontece em meio ao aumento da pressão internacional sobre o Judiciário brasileiro.

Rubio, uma das principais vozes conservadoras do Senado americano, afirmou publicamente que Moraes estaria usando seu cargo para perseguir opositores políticos e restringir liberdades civis no Brasil. A fala gerou repercussão dentro e fora do país, com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro defendendo que o governo americano investigue possíveis violações de direitos humanos no Brasil.

Diante da gravidade da declaração, autoridades do Itamaraty iniciaram conversas com representantes da embaixada dos EUA em Brasília para tentar conter o desgaste. O Planalto vê a escalada como uma tentativa de internacionalizar a narrativa da perseguição política, o que poderia comprometer a imagem do país em fóruns multilaterais e atrapalhar acordos estratégicos com o governo Joe Biden.

Em nota reservada, fontes do Ministério das Relações Exteriores disseram que a diplomacia brasileira busca “esclarecer os fatos e defender a legitimidade das instituições nacionais”.

A tensão aumenta no momento em que o STF, sob relatoria de Moraes, conduz investigações contra aliados de Bolsonaro, incluindo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), suspeito de ter colaborado com articulações golpistas a partir dos Estados Unidos.

O episódio reacende o debate sobre os limites do ativismo judicial e a percepção internacional sobre o sistema democrático brasileiro. No Congresso Nacional, opositores de Lula dizem que o governo tenta proteger Moraes, enquanto ignora denúncias de autoritarismo que vêm sendo feitas por organizações internacionais e parlamentares estrangeiros.