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OPINIÃO

Porto de Luís Correia: Entre a mentira e a propaganda

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Em um dos versos da música de Jessé, “Porto Solidão”, menciona-se o mar calmo que guarda segredos. Foi exatamente isso que testemunhei ao visitar Luís Correia, uma cidade litorânea no norte do Piauí com um pouco mais de 30 mil habitantes e que aguarda há mais de 60 anos por um terminal portuário. O segredo que o mar e a mídia do estado guardavam era daqueles que surpreenderam a população da região quando souberam. Em um belo dia de sol, sem aviso prévio, descobriu-se que o governador do Estado, Rafael Fonteles (PT-PI), encetaria o tão esperado porto, mesmo sem qualquer construção no local da referida obra.

E a história do Porto de Luís Correia é antiga e seus problemas tão antigos quanto. Ainda no século XIX, quando se chamava povoado Amarração e pertencia a Parnaíba, na época Vila de São João da Parnaíba, os exploradores europeus Spix e Martius descreveram o porto improvisado e seus problemas no volume II de sua Viagem Pelo Brasil:

”[…] a vila de São João da Parnaíba, situada a quatro léguas distantes de sua foz, único porto de mar da província do Piauí, e praça que ainda tomaria maior importância para o comércio, se dispuser de melhor ancoradouro. Lança-se, porém, o rio no mar por seis bocas, e apresenta fundo desigual, de duas a quatro braças, no qual, mesmo as sumacas e outras pequenas embarcações, só com o preamar, podem alcançar a vila”.

E nada mudou naquele período compreendido entre 1817 e 1820.

Em 2009, durante o governo de Wellington Dias (PT), uma significativa quantia em milhões de reais foi alocada para retomar a construção. Em 2010, no final do mandato de Wellington Dias, o Consórcio Staff/Paulo Brígido foi escolhido para executar a obra. Infelizmente, não apenas falharam em realizar a construção de maneira adequada, mas suas ações resultaram em uma investigação do Ministério Público Federal. Posteriormente, foram condenados em juizado federal por fraude e desvio de fundos, envolvendo tanto empresários quanto membros do governo petista.

Agora, 13 anos depois, o Porto foi milagrosamente construído, pelo menos é o que diz o governador e a mídia. No entanto, isso não condiz com as informações presentes no próprio site do governo, que afirma que apenas uma etapa está em construção, mais especificamente, a do terminal pesqueiro. E não seria diferente: o “Porto” recebeu uma fragata da Marinha com a pompa de um grande navio de guerra, algumas embarcações e adicionou alguns containers para compor o cenário. Além disso, incluiu uma estrutura de som, luz e palco milionária e um cantor tão caro quanto, tudo para desviar a atenção de um fato crucial: não existe nada ali, era tudo falso e montado, era fake.

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