Ramagem nega plano de golpe e acusa PF de induzir STF e PGR ao erro

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), prestou depoimento nesta segunda-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Durante o interrogatório, Ramagem negou qualquer envolvimento em planos golpistas e acusou a Polícia Federal de apresentar interpretações distorcidas que, segundo ele, teriam induzido tanto a Procuradoria-Geral da República quanto o STF ao erro.

“Nunca participei de organização criminosa”

Segundo o parlamentar, as acusações são infundadas. “Nunca fiz parte de qualquer grupo com intenções golpistas. A narrativa construída contra mim se baseia em ilações e não em fatos concretos”, afirmou.

Ramagem rebateu a alegação de que teria compartilhado com Jair Bolsonaro documentos que indicariam intenção de subverter o processo eleitoral. Segundo ele, tratava-se apenas de um vídeo público com críticas ao sistema eleitoral, conteúdo já debatido no próprio STF.

PF omitiu contexto e distorceu informações, diz deputado

O ex-diretor da Abin também criticou duramente os métodos da Polícia Federal. Ele alegou que a corporação omitiu o contexto de diversas mensagens e documentos, construindo uma versão distorcida dos fatos. “A PF induziu o Ministério Público e o Supremo a conclusões erradas”, denunciou.

Além disso, Ramagem negou que a Abin tenha sido usada para monitorar ministros do Supremo ou autoridades públicas, como também foi aventado nos autos.

Documentos são anotações pessoais

Sobre os arquivos encontrados em seu celular, que continham minutas de decretos e críticas ao sistema eleitoral, Ramagem afirmou se tratar de anotações pessoais, sem caráter oficial, sem envio a terceiros e sem qualquer vínculo com tentativa de golpe.

Investigação segue com outros réus

Com o depoimento de Ramagem, o STF dá sequência à oitiva dos réus no inquérito, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros militares e ex-integrantes do governo. O processo segue sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.